Sob o ponto de vista do texto o Lied designa um poema cujas estrofes possuem a mesma estrutura (número de versos e sílabas) e, sob o ponto de vista musical, uma composição que se baseia num texto estrófico desse tipo. Cada estrofe do texto pode ser cantada com a mesma melodia (Lied estrófico) ou com uma melodia diferente (Lied não estrófico).
No Lied estrófico a melodia reflecte o ritmo dos versos e a estrutura estrófica do texto. Exprime também o ambiente do conjunto das estrofes sem levar em conta a eventual mudança de atmosfera das várias estrofes (ideal da concepção do Lied segundo Goethe e Zelter).
No Lied não estrófico pode instalar-se uma relação mais estreita entre texto e música, quando esta exprime todos os detalhes do texto, mas também quando são usadas, com maior intensidade, forças musicais específicas em função da estrutura poética.
O séc. XIX depois de uma fase preparatória do clacissismo vienense (Mozart,Beethoven), traz-nos o Lied Alemão. Schubert tinha 17 anos quando escreveu o Lied Gretchen am spinnrade (Margarida na roca de fiar), o qual é geralmente considerado o protótipo do género. A obra toma como ponto de partida o conteúdo e o ambiente do poema de Goethe. O acompanhamento do piano é essencial da canção: as semicolcheias da mão direita reflectem, numa figura circular, o movimento giratório da roda, enquanto o ritmo da mão esquerda descreve o movimento do pedal que a impulsiona e as mínimas com ponto simbolizam o suporte imóvel. O prelúdio já descreve o ambiente mesmo antes de se iniciar o texto. Depois o canto eleva-se como uma recordação.
O Lied também foi composto em grandes ciclos, como Die schone mullerin (A bela moleira) e Winterreise (Viagem de inverno) de Schubert; Dichterliebe (Amor de poeta) de Schumann e Magelone de Brahms.
O Lied com acompanhamento de orquestra ou Lied sinfónico (Mahle Lied von der Erde, o Canto da terra) corresponde a um alargamento do género.
O Lied alemão foi imitado fora da Alemanha (Mussorgsky, Debussy). O séc. XX não vê surgir qualquer novo tipo de Lied, mas a segunda Escola de Viena com Schonberg ( ciclo Georgelieder) Berg e Webern traz um contributo significativo para o género.
Livro :Michels, Ulrich; Atlas de música, Gradiva
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