domingo, 12 de abril de 2009

Tiago’s Journal – 9 de Abril de 2009:


A verdade em filosofia é classificada de dois modos: em relação à sua natureza e em relação ao modo de ser conhecida.

A sua natureza pode ser contingente: acontece quando algo é verdade mas poderia não ter sido (por exemplo “Nietzche escreveu livros” mas podia não ter escrito) ou pode ser necessária: é uma verdade cuja falsidade é impossível (por exemplo “quadrados são simétricos).

A forma de conhecer a verdade pode ser a posteriori, ou seja, é uma verdade que só pode ser conhecia através da experiência (por exemplo: “existem cavalos”, onde a maneira de sabermos se existem de facto é observa-los ou ter ouvido falar deles); ou então pode ser a priori, significando que esta verdade pode ser adquirida através de pensamento puro, sem a ajuda da experiência (por exemplo: “a soma dos ângulos internos de um triangulo é sempre de 180º).

Até Kripke, era óbvio que uma verdade que não pode ser falsa (necessária) é uma verdade a priori (é conhecida através do pensamento puro) e que inversamente, uma verdade que poderia ser falsa (contingente) só poderia ser adquirida através da experiência, a posteriori.

Mas Kripke lançou uma intrincada teoria sobre mundos possíveis e isto abalou esta obviedade, mostrando que uma verdade pode ser contingente a priori.

Por exemplo:

A barra F tem um metro de comprimento”

(Nota: barra F é a barra usada como medida oficial do metro. Aconteceu em França que uma barra que por acaso tinha 39’37 polegadas se começou a tornar a medida oficial, que por acaso se chamou metro.)

Kripke diz que esta frase é contingente a priori, ou seja, uma verdade que poderia ser falsa mas que poderíamos conhecer sem a ajuda da experiencia, pelo pensamento puro. Como é possível?

De facto, a barra F poderia ter um tamanho diferente daquele que de facto poderia ter, 45 polegadas, por exemplo. Neste caso, ela não teria um metro de comprimento, pois sabemos que o metro possui 39,37 polegadas. Então é verdade que ela tinha um metro, mas poderia não ter tido (podia ter tido 45 polegadas). Logo, é uma verdade contingente.

Por outro lado, foi esta barra de definiu o comprimento “metro”. Fosse qual fosse o seu comprimento, já sabemos que se chamaria de metro. Portanto, não precisaríamos de ver o tamanho da barra para sabermos que, seja qual for o seu comprimento, será sempre um metro. É portanto uma verdade que podemos conhecer a priori.

É portanto uma verdade contingente e a priori.


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