“ Como as células embrionárias têm uma plasticidade e uma rapidez de propagação que se perde nas células adultas, se pudéssemos clonar-nos a nós próprios, e se estivéssemos dispostos a abortar o feto resultante dessa clonagem ao 2º o 3º mês de gravidez, podíamos retirar do embrião abortado as células precursoras de determinados órgãos ou tecidos do nosso organismo, pô-las em cultura, se possível imortalizar essas culturas, e depois utilizar estas células para curar as doenças degenerativas de que viéssemos a sofrer.
Em teoria, era assim: começavam a falhar-nos os rins? Obtínhamos um clone (ou melhor ainda, o nosso embrião clonado já estava congelado, para o que desse e viesse), transferíamos esse clone para o útero de uma mãe hospedeira, abortávamos o feto na altura em que sabemos que as células precursoras do rim estão a iniciar a sua diferenciação, cultivávamos essas células, e depois injectávamo-las no nosso rim em decadência, deixando que elas o invadissem completamente e nos dotassem de um rim novinho e perfeitamente funcional. E isto também se aplicaria à doença de Parkinson ou à de Alzheimer, ou a todas as degenerações musculares, ou à esclerose múltipla, ou a tudo aquilo que nos faz morrer ou viver em grande sofrimento, porque as células originais de um determinado órgão deixaram de funcionar como deviam.
Agora, isto de usar clones para reparar órgãos já se faz? Não. E poderia vir a fazer-se? Só depois de muita investigação.
Envolve muita manipulação, mesmo muita destruição, de embriões humanos. A manipulação de embriões humanos para fins experimentais está proibida em quase todo o Ocidente”.
Pinto Correia, Clara. Clonai e multiplicai-vos. Lisboa: 1997, Texto Editora, p. 24-26
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